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Você deve aprender a viver com o desconforto

  • Dharma Bodhi
  • Mar 12, 2018
  • 5 min read


Você deve aprender a não procurar pelo conforto em sua vida. No mundo dos cultos espiritualistas da Nova Era de amor e luz e na cultura moderna politicamente correta que está quase destruindo o verdadeiro conceito de espiritualidade (como o pós-modernismo, etc), há a ideia de que o que se busca no caminho é o êxtase (bliss). E há uma interpretação errônea dos textos antigos quando se fala desse êxtase.


Todos agora estão procurando o êxtase. Siga seu êxtase...Vá com o fluxo...Você está resistindo...Você está sendo muito masculino...Você está sendo muito agressivo. Oh meu Deus! É o bastante para que você queira vomitar, pois tudo isso é uma grande besteira.


Quando você encarar a si mesmo no caminho espiritual isso irá doer. E isso é tudo o que há. Quando você acorda pela manhã para praticar mas está um pouco cansado pois ficou assistindo filmes até mais tarde na noite anterior, a prática não será confortável. Um caminho espiritual não é conveniente. Se assim o fosse, não funcionaria, pois quando você está confortável, sempre está entorpecido. Você está morto para a realidade, basicamente.


Há sim um momento no caminho espiritual no qual você reconhece o êxtase inerente do universo. Mas quando pensamos nisso como praticantes iniciantes, nosso entendimento é imaturo, dualista, em se tratando [da dicotomia] do êxtase e do não-êxtase. Prazer….dor. Nós temos um entendimento dualista. A linguagem em si é dualista. Nós não podemos de fato descrever o êxtase sobre o qual os mestres falam a respeito - que não possui um oposto -. Não há o não-êxtase no êxtase sobre o qual eles falam. Logo, você não pode pegar ou ter esse êxtase, não pode atingi-lo. Não se trata de um estado que você pega ou possui. O êxtase sobre o qual dizem vem à medida do reconhecimento de sua natureza verdadeira, sua natureza iluminada do Buddha. Quando você conhece essa natureza, quando ela é o que você é, então toda a variedade da vida, todas as ondas na superfície do oceano daquele êxtase ainda irão te atingir. Os tsunamis ainda vão bater, você ainda irá tomar alguns caldos, como quando vai pegar ondas de jacarezinho. Assim é a vida. Essa é apenas a vida. Ela precisa ser dolorosa. Mas você estará em contato com esse êxtase que a subjaz.


Compreenda que se você segue um caminho que te diz para ir apenas em direção ao êxtase, eu acredito que você está cometendo um grande erro e quando descobrir que se trata de um caminho falso, se entristecerá ao pensar que o percorreu por 20, 30 anos e que pode ser tarde demais para de fato voltar, mudar e ter resultados. Você pode já estar muito velho e ter gastado toda a sua energia buscando esses sonhos da Nova Era, entende?


Cristais, tigelas de cristal, cantos para os chakras….nada disso te levará à iluminação. Olhar para si com um foco profundo como um laser, rasgando suas ilusões e desilusões…isso sim te levará à iluminação. É isso que vai funcionar. E vai doer.


Um grande Professor, Swami Rudrananda, disse certa vez: “Quando você está confortável, está morto.” Ele era de Nova Iorque e tinha uma forma muito boa de chegar ao âmago dos ensinamentos e práticas…então, nesse caso, aprenda a “abraçar os desafios” (embrace the grind) , aprenda a realmente sentir aquela dor e trabalhe nela. Uma vez que você compreende que a dor é o substrato da vida…pelo menos 70, 80% da vida é dolorosa…e de resto é encantadora, mas de forma temporária…e você está bem. Sabe? Uma vez que você sabe que é difícil, você fica bem.


Quantas pessoas vão à academia e treinam intensamente? Por que gostam disso…por que gostam de “abraçar os desafios”, como nós falamos no wrestling… e dói mas gostamos, sabe? Você aprende que aquilo te concede crescimento, te concede um senso do que é real e mantém isso real.





Vamos então para um olhar breve a uma lista de tipos diferentes de dor que devemos vivenciar, mas precisamos aprender a abraçar…


Número 1: o mundo é doloroso. Sempre foi e sempre será. Houve certas Eras, a Era Douradas, algumas dinastias na China, a Era Dourada da Grécia e por aí vai..o Egito em certos tempos…enfim, algumas centenas de anos nos quais as coisas andaram bem…e tudo se descarrilhava novamente…**risos**


Então, essa é a natureza do mundo. Ele sempre será doloroso. Se o seu caminho espiritual está te dando a esperança de que o mundo passará por uma espécie de apocalipse e que se tornará todo extasiante (blissful) novamente, eu questionaria esse caminho por que eu não acredito que isso realmente aconteça no mundo. Portanto, se acostume com isso. O mundo é doloroso.


Quero dizer com isso que há dores no mundo sob as quais você não pode se responsabilizar e nem consertar. Vou dar um exemplo aleatório: 2/3 das pessoas no corredor da morte nos EUA são inocentes e são executadas de uma forma ou de outra. Descobre-se depois que são inocentes. Isso é absolutamente injusto. Totalmente injusto, não é? Muitas coisas “são injustas”. Então, no caminho espiritual nós precisamos entender que não deve haver nenhuma consideração sobre o que é justo ou o que não é justo. Isso simplesmente não conta. É simplesmente o que está acontecendo. É isso. Então o mundo será doloroso.


Há o fundamentalismo, há o terrorismo, há crianças que morrem de câncer, sabe? Nem chegam a ser adultos…Nós só temos que entender e abraçar, pois isso é só o que é o mundo, não é?


Próximo tipo de dor.


O próximo tipo de dor diz respeito a termos que perceber que o nosso caminho espiritual e nossas práticas não vão tirar o nosso sofrimento psicológico/emocional de nós. Nós temos que fazer isso por nós mesmos. Nós temos que mergulhar em nós mesmos profundamente, liberar tais questões, seja com a ajuda de um psico-terapeuta ou qualquer outra pessoa.


Mas se você está fugindo de sua dor psico-emocional através do trabalho espiritual, você está se escondendo do mundo e de si mesmo. Você está fugindo daquilo com o que você realmente precisa trabalhar, ok? Esse é um outro tipo de dor que você precisa abraçar. Nós todos fomos abusados de alguma forma, todos nós tivemos vidas difíceis, algumas mais difíceis que outras.


E a coisa engraçada é que quando olhamos as biografias de Mestres muito bem sucedidos, que atingiram altos graus de realização com a meditação e outros caminhos tradicionais, vemos que eles tiveram vidas muito difíceis. A maioria deles teve uma vida muito difícil ou invocou para si uma vida muito difícil. Eram muitos ricos e iam para as montanhas tornando-se austeros, colocando-se em pesada penitência. Outros simplesmente cresceram diante de circunstâncias muito difíceis. Então você precisa perceber que o seu caminho espiritual não vai tirar a sua dor de você. Perceba isso, abrace esse tipo de dor. Nós sofremos psico-emocionalmente. É isso. Se você está procurando um caminho que tire esse tipo de dor, um de meus professores costumava chamar esse caminho do “Caminho da Cama e da Garrafa”. Ele dizia isso quando as pessoas reclamavam sobre as dores da vida, as dores que tinham dentro de si e estavam descobrindo…”A Cama e a Garrafa” queria dizer que você gostaria de ir beber um whisky e depois dormir. Então de forma alguma isso é um caminho.


95% da dor que você vivenciar no seu caminho ocorrerá por sua auto-descoberta e você não deve se livrar dela, isso é só como as coisas funcionam: você deve abraça-la também, ok?

Estou apenas tentando te elucidar todos os tipos de dor com os quais você deve aprender a lidar para um dia de fato aprender a reconhecê-las como as chaves para o crescimento, ao menos nos estágios iniciais.


E em uma casca de noz, sobre esse ponto, assuma a responsabilidade sobre si e não reclame. A dor da auto-descoberta é o caminho. É o crescimento. Especialmente para os primeiros 7-8 estágios…



 
 
 
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